
Direção: Woody Allen
Roteiro: Woody Allen
Elenco: Lou de Laâge, Valérie Lemercier, Melvil Poupaud, Niels Schneider e Elsa Zylberstein.
Por Maria do Carmo Alvarenga, em 19 de setembro de 2024, editado em 23/09/2024.
Golpe de Sorte em Paris (Coup de Chance, 2024) é a mais recente produção de Woody Allen, que no auge de seus 88 anos e quase 60 anos de carreira, brinda-nos, agora, com o primeiro filme totalmente gravado em francês. Em Coup de Chance, Fanny (Lou de Laâge) e seu marido Jean (Melvil Poupaud) parecem ser um casal ideal de apaixonados que levam uma vida de luxo em Paris. A situação muda quando ela encontra o escritor Alain (Niels Scheneider), um antigo amigo do colégio em Nova York que, de pronto, já confessa que sempre fora apaixonado por ela, desde os tempos em que eram estudantes. Logo, eles se reaproximam, cresce a atração entre os dois e passam a viver uma aventura amorosa.
Parece um clichê normal sobre triângulo amoroso, mas estamos falando aqui de Woody Allen. E, sim: casos extraconjugais, relacionamentos fracassados, o mundo dos ricos e poderosos, acasos, são temas frequentes nas obras do autor de Noivo neurótico, noiva nervosa (1977); Manhatan (1979); Match Point (2005), Meia-noite em Paris (2011), entre muitos sucessos. No entanto, sempre podemos esperar a irreverência e um humor cortante que revela a crítica sutil e a criatividade singular do realizador. No caso de Golpe de Sorte em Paris, a trama salta do que parecia ser uma história de relacionamentos para uma investigação policial, quando entra a personagem Camille (Valerie Lemercier), mãe de Fanny, que passa a suspeitar do comportamento do genro. O enredo se encaminha para um final inusitado e inesperado.
Nem preciso falar que um filme gravado em Paris, me agrada imensamente, sou suspeita, mesmo. O cenário acrescenta muito, mas preciso ressaltar o excelente trabalho da fotografia de Vittorio Storaro que opta pelo uso de tons de laranja e azul. Além disso, parece haver um contraste de tons, como se a revelar a dualidade vivida pela mulher. Quando Fanny e Allain estão juntos, os cenários são os lindos jardins da cidade, com imagens iluminadas e coloridas. Ao contrário, quando Fanny está em sua casa ou nos ambientes luxuosos das relações do marido, normalmente, as imagens são mais escuras, com mais sombras. Outro destaque é a trilha sonora toda composta por jazz, com hits populares das casas de jazz e dá um ritmo gostoso à trama.
Com todos esses elementos, o roteiro assinado por Woody Allen poderia resultar em mais um, talvez o último, de seus grandes sucessos. No entanto, saí do cinema com uma sensação de que esperava mais. Assisti ao trailer e fui com a expectativa de reviver a euforia que vivi com “Meia Noite em Paris”. O melhor de tudo é que, como, peguei o horário de abertura das salas, tive a sorte (egoísta) de estar sozinha, praticamente exclusividade. Só que a experiência não foi tão envolvente assim. Talvez, pela repetição de temas e a sensação de estar vendo mais do mesmo. Todavia, a obra tem seu mérito e mantém o estilo genial do gigante Woody Allen.
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